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Por

Oliveira de Moura

CORPO E BELEZA

Liberdade aos cabelos

As tendências ao longo dos anos contribuem para a liberdade dos cabelos naturais

A ideia de que apenas o cabelo totalmente liso era sinônimo de beleza está em processo de mudança, pelo menos é isso que grande parte dos jovens estão buscando desconstruir. A quebra de determinado padrão estético, especificamente no que diz respeito aos cabelos, que atribuem tanta personalidade aos indivíduos de ambos os sexos, implica na valorização cultural, estética e principalmente na quebra de preconceitos.
         

O cabelo liso vem sendo tendência desde o início do século XXI quando deu início a chamada Ditadura do cabelo liso, e para falar um pouco mais sobre a moda do momento que pode-se nomear de "A liberdade de expor as madeixas como realmente são" deve-se olhar para outras décadas e analisar as tendências que influenciaram na atualidade. 



Há vários exemplos de movimentos do passado envolvendo os cabelos da forma mais natural possível, por exemplo o movimento Hippie que iniciou-se na década de 70 e tinha como um dos objetivos a busca por uma sociedade menos artificial. Os fios capilares eram longos, armados e não se tinha tanta preocupação com a aparência deles, que geralmente eram maltrados. 


O movimento que talvez tenha sido mais marcante por conta de sua objetividade e princípios tenha sido o Black Power, iniciou-se nos anos 20 mas destacou-se principalmente nos anos 70 e 80, saindo de moda por um tempo e voltando fortemente no início de 2000, como uma forma de oposição ao liso total. O Black Power promovia a valorização da identidade negra, e a quebra de preconceitos relacionados a cultura deles, dando ênfase na luta por direitos. O estilo armado e com muito cabelo influenciou fortemente celebridades da época, que também aderiram ao estilo no mundo da música, especialmente no Jazz, blues e rock, como exemplo Billy Preston, tecladista que já tocou juntamente com os Beatles, e tinha uma cabeleira que despertava olhares onde passasse. Atualmente essa tendência é associada apenas a cabelos, pois a maioria da população não conhece a história que o influenciou.


Há ainda a famosa técnica do permanente, "quanto mais enrolado melhor" era o lema que destacava-se na década de 80. Esse processo químico tinha o objetivo de enrolar e dar volume aos fios capilares, deixou de ser usado nos anos seguintes por conta das técnicas de alisamento que surgiram e viraram febre; embora menos conhecido nos dias atuais, o processo ainda é usado, principalmente por mulheres que possuem cabelos enrolados e crespos, e tem o objetivo de apenas definir. 


Já nos anos 90 inicia-se a busca pelos cabelos lisos. Surge então diversas técnicas de alisamento, enquanto grandes ícones das passarelas marcam essa moda como por exemplo a famosa modelo Gisele Bündchen, seu liso natural e bem cuidado passa a mudar a visão de que o cabelo natural não precisa ser cuidado. A partir daí esse padrão modificou o mundo da moda e passou a dominar o gosto popular.

 

A progressiva é um processo químico que envolve o uso de formol e é o principal método de alisamento ainda hoje. No entanto a partir de 2014 os desfiles que costumam lançar tendências, passaram a exibir nas passarelas, modelos com cabelos naturais, dando destaque para os crespos, que apareceram de diferentes maneiras: longos, curtos e até mesmo raspados. Em 2015 a modelo angolana Maria Borges apareceu no desfile da Victoria's Secret Fashion Show, com os cabelos raspados, pois havia declarado que não queria usar extensões capilares.


Os acessórios e penteados que surgiram ajudam cada vez mais a valorizar os cabelos e mostrar como realmente são. Essa quebra de estereótipo de que apenas o liso é belo e agradável aos olhos, valoriza os diversos tipos de beleza, mostrando que o cacheado, o crespo e o ondulado são lindos e merecem ter liberdade. Poder acordar e estar livre de chapinhas, escovas e processos químicos, para assim ser exibidos e visualizados no mundo das artes. Os cabelos não representam apenas a estética de um indivíduo, mas também a personalidade, a luta pela aceitação e registros de uma história desconhecida.

 

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