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Uma passagem por Henfil

Imagem: Associação Brasileira de Imprensa

O multiartista que desafiou o regime autoritarista e encorajou uma geração

Ana Paula Ferreira

Henfil, pseudônimo de Henrique de Souza Filho, chargista que ganhou reconhecimento à época da Ditadura militar. Usava suas charges para tecer duras críticas a esse período, porém fazendo uso do humor e sátira. Apadrinhou o movimento Diretas Já!, lutando pela liberdade democrática tomada com a ascensão dos militares e sua manutenção no poder por 21 anos. Infelizmente, com sua morte precoce, em 1988, Henfil não pode desfrutar da democracia que buscou. 


Em 1971, década na qual a ditadura encontrava seu auge com o “Milagre Econômico”, Henrique Filho criou um dos seus trabalhos mais notáveis, a icônica revista Fradim, que consagrou grandes personagens no imaginário popular como Bode Orelana, Graúna (que posteriormente ganhou sua própria revista, que levou o nome da personagem), Zeferino e os Fradinhos “cumprido” e “baixim”.

O traço

Um multiartista, trabalhou no semanário O Pasquim, cuja posição era contrária ao  regime político em vigor, ao lado de nomes como, Ziraldo e Tárik de Souza. Como cartunista, especificamente, trabalhou para os veículos O Globo, Jornal dos Sports e Jornal do Brasil. Em 2017, 29 anos após sua morte, foi lançado o documentário “Henfil” sob a direção de Angela Zoe e conta com depoimentos de pessoas que foram próximas ao chargista.

 

Através do uso do humor e ironia, Henrique de Souza Filho mostrou à época e ainda hoje que há como ser combativo usando o jornalismo do traço, usando das ferramentas disponíveis para lutar por um ideal defendido. Jornalismo do traço, cartum, tirinha, charge seja qual for o nome, Henfil nos mostrou como este recurso jornalístico impacta o leitor.

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Charge "Brasil" de Fradim | Imagem: Associação Brasileira de Imprensa

Um olhar mais aprofundado

Com Bode Francisco Orelana, Henfil retrata a elite intelectual do país, na difícil fase da ditadura, retratando a perseguição que sofriam à época.

Já os Frandins cumprido e baixinho, inspirados no próprio chargista, expressavam uma crítica pessoal à educação religiosa repleta de tabus que recebeu.

Graúna, cuja forma se assemelha a um ponto de exclamação, era o retrato do estereótipo do nordestino. Tinha indagações políticas em forma de crítica ao “Sul Maravilha”.

Por fim Zeferino, um cangaceiro-macho-lutador, representa o homem comum cercado por seu preconceito, mas que é capaz de mudar.

Alguns cartuns...

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Charge "A Esperança" de Fradim | Imagem: Associação Brasileira de Imprensa

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Charge "Bode" de Fradim. Imagem: Associação Brasileira de Imprensa

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Charge "O inimigo somos nós" de Fradim

 Imagem: Associação Brasileira de Imprensa

Todas os cartuns aqui apresentados foram retirados do site da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

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