Ciência
Centro de Inteligência Artificial da UFG vai receber investimento de R$80 milhões
Instituições públicas de fomento à pesquisa e empresas privadas compõem o grupo de investidores
Weigler Soares

Diretora Telma Soares em discurso sobre a importância do investimento recebido pelo Ceia-UFG. | Foto: Rodrigo Cabral (Ascom/MCTI).
O Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (Ceia-UFG) receberá um investimento de R$80 milhões, sendo R$60 milhões do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em colaboração com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). A outra parte do investimento, que totaliza R$20 milhões, será feita por um consórcio entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Sebrae-GO e empresas privadas.
A diretora executiva do Ceia-UFG, Telma Soares, ressaltou a importância das pesquisas nessa área: “Há muita alegria e motivação, e também há senso de responsabilidade, em conduzir essa missão que nos foi dada pelo país para que possamos gerar competitividade, emprego e renda para todo o ecossistema de pesquisa e inovação. Assim almejamos contribuir para alargar a fronteira do conhecimento nesta área das tecnologias imersivas para usos virtuais”
Ceia - UFG
O Ceia-UFG é uma iniciativa lançada em 2019 por meio de uma política pública da Fapeg baseada no tripé “academia, governo e empresas”. A entidade desenvolve soluções inovadoras de alto impacto, por meio do uso de dados e Inteligência Artificial.
De acordo com o pesquisador e empreendedor, Heinz Felipe, esse aporte financeiro recebido pelo Ceia-UFG é um facilitador do desenvolvimento de tecnologias e empresas. “O Ceia, por exemplo, é um Centro de Excelência em Inteligência Artificial, é o único Centro de Excelência em IA da Embrapii. A Embrapii tem o objetivo justamente de atuar – e o Ceia também – promovendo a pesquisa e inovação no ecossistema de empreendedorismo brasileiro.”
Heinz também destaca a importância do tripé básico: “Juntam-se esse ambiente universitário de pesquisa e um aporte financeiro do governo para que se possa resolver problemas reais das empresas, ajudando-as a se desenvolver, facilitando o desenvolvimento delas”.
IA para leigos
A Inteligência Artificial (IA) é uma área da computação em que máquinas utilizam dados externos para se aprimorarem. Esse aprimoramento é conhecido como Machine Learning, ou, em português, “aprendizado de máquina”, que nada mais é do que o computador, alimentado por uma base de dados, ir atualizando sozinho a sua base.
Muitas pessoas pensam na visão hollywoodiana da IA, que vai roubar todos os empregos do mundo e dominar a espécie humana. Mas o estudante e pesquisador do CEIA-UFG, Carlos Henrique, tranquiliza os apocalípticos.
“A gente foi muito estigmatizado: A gente vê em filme – Matrix ou Robocop, por exemplo – que a Inteligência Artificial vai um dia dominar o mundo, certo? Muita dessa visão foi passada através do esquema cinematográfico das empresas, mas eu, trabalhando dentro da área, posso dizer que pelo menos por agora, pelo menos até amanhã, não vai ter isso. Eu tenho certeza que não vai ter isso.”
O estudante vê que a IA é uma ferramenta muito útil na execução de serviços repetitivos e que pode ajudar a espécie humana a economizar tempo e focar em tarefas mais criativas.
O professor e pesquisador João Stacciarini, doutorando no Instituto de Estudos Socioambientais da UFG (Iesa), utiliza em suas pesquisas e suas aulas algumas ferramentas de IA, principalmente de textos, como o Chat GPT e o Bard.
O professor afirma que o Chat GPT é uma forma de democratização do conhecimento, uma vez que se pode, por meio dele, e diretamente do Brasil, acessar diversos dados e pesquisas de outros países de forma simples. “Eu passei a pesquisar essa questão da Inteligência Artificial e passei a defender o uso dela enquanto uma ferramenta de democratização da pesquisa e do ensino”.
João explica também que a revolução está acontecendo e que é melhor aprender a usar as novas tecnologias do que rejeitá-las completamente. Atualmente o professor não vê tanta utilidade em mandar trabalhos para casa, porque sabe que provavelmente os alunos irão utilizar o Chat GPT. Ele prefere que os alunos façam em sala de aula, utilizando as tecnologias, mas sabendo o motivo e a forma correta de usá-las.